Cada pessoa tem algo para dizer a
respeito de sua experiência de leitura e de escrita. Há lembranças de boas experiências
e de outras nem tanto. Ao ler alguns depoimentos de diferentes pessoas, reconheci
uma série de fatos semelhantes aos que compõem minhas memórias escolares.
A composição à vista de uma gravura é
uma delas; sempre fazia textos descritivos, sobre as imagens da "folhinha":
a garotinha de cabelos loiros, numa fazenda muito bonita, ao lado de um belo
cachorro, parecido com a "Lessie".
Mais tarde, já no colegial, a leitura
de Agatha Christie, sempre gostei de mistérios e de suspense. Ia à biblioteca
da escola (era linda, imensa, com todos aqueles livros, para os quais não havia
sido apresentada) e iniciava uma busca a partir do que meu irmão e alguns
amigos comentavam.
Não tive orientações na escola para que
buscasse na leitura um prazer, mas me lembro de um livro muito bonito, colorido
com imagens grandes sobre a história d'O pequeno Polegar. Era do meu irmão,
ganhou de presente na época do primário, tão logo aprendeu a ler. Este livro
foi, por muito tempo, motivo para nos reunirmos. Cada um dos irmãos que lia um
trecho ficava a divagar sobre as possibilidades de ter uma bota daquelas que o
Pequeno Polegar tinha. Até pouco tempo, este livro ainda estava na casa da
minha mãe. Saudades!!!
Outra obra marcante pra mim foi Rebeca
do Vale do Sol, de Virgínia Lefreve. Eu o li na 7ª série, indicação de uma
adorável professora, dona Ercília. Apaixonei-me pela personagem, Rebeca, a
menina que morava com as tias Mirinha e Jane e passava por maus pedaços. Sofria
com ela e torcia para que se desse bem em suas ações.
Infelizmente, não tive tantos
professores com a iniciativa de estimular a leitura, a maioria de minhas
leituras foram feitas para uma avaliação final, mas fiz belas descobertas quando
li, por exemplo, no colegial (fiz o curso técnico Tradutor e Intérprete)
: Admirável mundo novo, 1984, Animal Farm. Na faculdade, ganhei da professora Vilma
(ela era excelente!!!) The old man and the sea (com dedicatória) e depois outra
leituras foram ampliando meu repertório.
Aos poucos, fui me encantando pelo
livro, aprendendo a fazer escolhas com critérios e a compor meu próprio acervo.
Isso me faz lembrar de Lygia Bojunga, em Livro:
a troca, “Foi assim que, devagarinho, me
habituei com essa troca tão gostosa que no meu jeito de ver as coisas é a troca
da própria vida; quanto mais eu buscava no livro, mais ele me dava.”
Eliane
Não me lembro de ter incentivo para ler e escrever em casa, mesmo assim,
sempre gostei de fazê-los. Quando estava na 5ª série, uma professora fez um "campeonato" e quem fosse o melhor aluno da sala em L.P ganharia um passeio ao shopping com direito a escolher um livro. Eu ganhei e esta experiência foi interessante pra mim...
Percebi esse gosto mais aflorado no Ensino Médio,
onde passei pela escrita de vários textos, de acordo com o trabalho que os
professores iam fazendo.
Me acostumei a escrever poesias e gosta muito de Alvares de Azevedo
depois, passei a produzir artigos de opinião, pois acreditava que "era
coisa de gente mais inteligente", já que exigia muita argumentação e
portanto, precisava de muito mais leituras.
Além disso, escrever artigos de opinião me dava a oportunidade de
criticar problemas sociais e políticos, mesmo que tudo aquilo não saísse do
papel que utilizei pra escrever. Depois, me lembro bem que nos primeiros anos
de faculdade passei a escrever pequenos artigos sobre Educação para jornais de
minha região e isso me fazia muito bem.
Hoje não paro de escrever, porém, o foco acaba sendo os materiais de
formação, pois o tempo tem sido curto e corrido. Por outro lado, para escrever
os mesmos, é preciso continuar lendo...
Ane
Minha experiência com a leitura começou bem cedo, muito antes de aprender a ler, quando criança vovô costumava me contar "historinhas" e eu ficava curiosa queria saber de onde ele tirava aquelas lindas histórias e ele me mostrava os livros que aguçavam a minha vontade de aprender a ler, só para poder contar "historinhas", queria fazer igual a ele.
Vovô me incentivava a ler, dizendo que através da leitura era possível fazer viagens incríveis, conhecer lugares inimagináveis, pessoas de todas as raças, crenças e diferentes culturas, conhecer lugares exóticos, viver situações emocionantes e ainda poder escolher para onde viajar.
É por isso que concordo com Ferreiro (1985), quando nos diz que o processo de leitura e de escrita tem seu início antes que a criança entre na escola, a mesma constrói seu conhecimento através de esquemas conceituais que permitam interpretar tanto as informações prévias como as atuais.
Muitos professores têm dificuldades de aceitar que a criança possa ter adquirido o desenvolvimento da leitura e da escrita, fora de um ambiente escolar e assim tendem a desvalorizar as conquistas do aluno.
Para mim, ler é ter experiências próprias, é colher conhecimentos, é sentir prazer ao entender o mundo que nos cerca, que nos informa e transforma, é através da leitura que podemos resgatar lembranças, nos tornarmos cidadãos críticos e conscientes de nossos atos. Adoro mergulhar no fascinante e encantador mundo da leitura.
Edina