Situação de
Aprendizagem – leitura
Meu primeiro beijo –
Antonio Barreto
Objetivo: Criar situação de
leitura para que o aluno reconheça o texto como uma narrativa e sinta-se
estimulado a ler a obra toda como forma de fruição para a criação de hábito de
leitura. (Definição de finalidades e
metas da atividade de leitura)
Sondagem
Antes da leitura
1. Ativação do conhecimento prévio
Mostrar o livro - Balada do primeiro amor – e iniciar uma
conversa para tratar de algumas questões sobre os elementos
paratextuais: capa (imagem, título, autor, ilustrador, etc),
orelha, quarta capa.
·
Observe a
imagem da capa do livro:
o
O título do livro traz a palavra “balada”. O que
você entende por esta palavra?
o
A história é contada numa narrativa
longa, chamada romance. Você já leu um romance? Qual? O que é um romance?
2. Recuperação
do contexto de produção –
Apresentar elementos que compõem o
contexto de produção do texto:
·
autor, lugar social
que ocupa,
·
esfera social em que
o texto circula,
·
veículo em que é
divulgado,
·
momento histórico em
que foi produzido,
·
intenções
comunicativas do autor,
·
leitores presumidos.
Assim,
o professor pode conversar sobre o seguinte:
·
O texto que
vamos ler está no livro de autoria de Antonio Barreto. Alguém já ouviu falar
desse autor ou já leu algo escrito por ele?
·
A quem vocês
pensam que um romance com esse título se dirige?
·
Onde um livro
como esse pode ser encontrado?
·
Para que você
acha que alguém escreve sobre esse assunto?
Caso
não haja respostas da turma, o professor deve auxiliar nesse momento, ampliando
o conhecimento de mundo dos alunos. Ao final, em anexo, há algumas informações que
poderão contribuir nesse momento.
3.
Antecipação
ou predição
O texto que vamos ler foi extraído do livro
Balada do primeiro amor. Trata-se de um
capítulo intitulado Meu primeiro beijo.
·
Quem aqui na sala poderia ser o personagem
que já deu o primeiro beijo?
·
Onde vocês imaginam que ele aconteceu? Com
quem?
·
Qual será o
assunto tratado no romance?
·
Quem são os
possíveis personagens? Como eles são?
Para a realização dessa etapa que antecede a leitura, sugiro
que o professor organize uma roda de conversa.
“Abrindo parênteses, lembro que a roda de
conversa é metodologia que pode ser utilizada nos processos de leitura e
participação coletiva para a discussão de um tema, por meio de situações de
aprendizagem em que o diálogo é priorizado, favorecendo ao aluno o
desenvolvimento das habilidades de fala e de escuta. Para o êxito da atividade,
o professor precisa atuar como mediador para conduzir a fala dos participantes
por meio de roteiro de perguntas previamente elaboradas sobre o assunto a ser
tratado. Conforme as respostas e comentários forem sendo oferecidos, o
professor pode propor o registro coletivo para que as informações sejam
retomadas para consulta futuras. Para melhor realizar esta etapa, sugiro ao
professor que disponha as carteiras da sala de aula em círculo, de modo que
todos os participantes da atividade possam se ver e ouvir uns aos outros.”
Durante a
leitura
4. Checagem de
hipóteses – Esse é o momento em que
pode acontecer a leitura colaborativa, a partir da qual o professor pode fazer
perguntas que auxiliem os alunos nas descobertas de “pistas”
Assim, ao
realizar a leitura do primeiro parágrafo, pode perguntar, por exemplo:
·
- Quem está
contando sobre o seu primeiro beijo? Ele ou ela?
·
- Esta pessoa
está contando para quem?
·
- Com quem vocês
acham que foi o primeiro beijo?
5. Localização
de informações – Aqui o
professor pode solicitar que, durante a leitura, os alunos utilizem “procedimentos tais como sublinhar, copiar, iluminar
informações relevantes para buscar passagens essenciais e abandonar informações
periféricas”.
Desse modo,
é possível que aos alunos localizem:
·
as palavras e
expressões que:
o
marcam a
progressão temporal nessa narrativa;
o
pertencem à esfera
científica;
o
indicam a pessoa que
conta a história.
·
as falas da
personagem.
6. Produção de
inferências – Considerando o contexto do texto, os alunos podem ser
orientados a:
·
deduzir o sentido de
uma palavra/expressão desconhecida (bactéria falante, perdigotos, glicose do
meu metabolismo),
·
relacionar expressões sinônimas ou
equivalentes (Cultura Inútil, Culta, Parcelso, bactéria falante: referem-se ao
personagem a fim de nomeá-lo)
·
compreender termos
que retomam ou antecipam informações (E foi assim...)
Depois da leitura
7.
Generalizações – A fim de desenvolver a capacidade de síntese, após a
leitura, o professor poderá simular uma situação a partir da qual os alunos vão
contar a história numa conversa com um grupo de colegas, na praça, a fim de
falar sobre o primeiro beijo.
8.
Comparação de informações – Após a leitura, o professor pode propor aos alunos que
compararem, por exemplo, o bilhete do texto com as mensagens que eles utilizam
no cotidiano (torpedo, e-mail, scrap, facebook) ou, ainda, com cartas e
declarações de amor em outras narrativas literárias e até mesmo de seus
familiares. Assim, será possível favorecer a percepção de relações de
intertextualidade ou até mesmo de interdiscursividade.
9.
Percepção das relações de intertextualidade/interdiscursividade
– A fim de desenvolver essa capacidade, o
professor pode criar condições para um diálogo com a classe a fim de ensinar o leitor a
estabelecer relações entre o que está
lendo e o que já conhece (livro, filme, música, HQ), sobre o mesmo tema da
narrativa lida. Assim, o aluno tem condições de iniciar um diálogo com o texto,
por meio de comentários e perguntas que o professor pode fazer, por exemplo,
lembrando-lhe de conteúdos presentes em outros textos relacionados ao que está
lendo.
Como sugestão,
indicamos a exibição de um trecho do filme Meu primeiro amor, com acesso no
link http://www.youtube.com/watch?v=A9MtEoSNzH4
Anexo
Antonio
Barreto (Antonio de Pádua Barreto
Carvalho) nasceu em Passos (MG) em 13 de junho de 1954. Reside em Belo
Horizonte desde 1973. Morou também em algumas cidades do Oriente Médio, onde
trabalhou como projetista de Engenharia Civil, na construção de estradas,
pontes e ferrovias. Tem vários prêmios nacionais e internacionais de
literatura, para obras inéditas e publicadas, nos gêneros: poesia, conto,
romance e literatura infanto-juvenil. Participa também de várias antologias
nacionais e estrangeiras de poesia e contos. Foi redator do Suplemento Literário do Minas
Gerais, articulista e cronista do jornal Estado de Minas e da
revista “Morada” (BH). Colabora com textos críticos, poemas e artigos de
opinião para “El Clarín” (Buenos Aires), “Ror” (Barcelona); “Zidcht”
(Frankfurt), “Somam” (Bruxelas); ” : e outros periódicos.
Disponível em: <http://www.palavrarte.com/equipe/equipe_antbarreto.htm> Acesso em 23 de bril de 2013.
Disponível em: <http://www.palavrarte.com/equipe/equipe_antbarreto.htm> Acesso em 23 de bril de 2013.
Disponível
em: <http://armacaodepera.blogspot.com.br/2008_10_01_archive.html>
Acesso em: 28 de abril de 2013.
¹AULA DE BEIJOLOGIA
(por onde
o mundo começa)
Antonio
Barreto
Beijo
também é ciência. Precisa de aprendizado. Aliás, hoje em dia, o que é que não
necessita de aprendizado, diploma, especialização?
Antigamente é que havia um
negócio chamado instinto.
Instintivamente a gente – os neófitos apaixonados – saía por aí tentando
aprender, pelo instinto,
alguma coisa da vida e do mundo que nos cercava. A palavra sexo, por exemplo, era um
mistério insondável. Pai e mãe não tocavam no assunto. Destarte, restava
perguntar alguma coisa aos amigos mais experientes: “Como é que a gente se
aproxima de uma menina? Como é que a gente se declara a ela? Como é que a gente
pega na mão dela? E o beijo? Como? Quando? Onde?”
Quase ninguém sabia responder.
Aí, vinha o instinto. Era
o instinto que, de repente, telefonava ou mandava
um torpedo, um e-mail pro cérebro e pro coração da gente... E fosse o que Deus
quisesse. E como era boa a descoberta!
Hoje, como já disse, se aprende
isso na maior facilidade: inclusive como beijar pela primeira vez. Tanto que
dia desses, num corredor de escola – onde eu acabara de proferir uma chatíssima
palestra sobre “O Fim do Mundo”... ops! – ouvi esse papo entre duas amiguinhas.
Um verdadeiro Manual de Beijologia. E agora acho que, sinceramente, é
por aí que o mundo começa... Vejam:
- Nunca beije sem vontade, Lu.
Primeiro, você tem que estar muuiiiinto a fim, entendeu?
- Ãrrãaaa...
- Sem essa de querer saber quem
beija e quem é beijado. O que importa é a vontade, o clima, sacou? Depois do
beijo, quem vai lembrar?
- Ãrrãaaa...
- Se o carinha estiver muito
tímido, deixa a coisa rolar, sem forçar a barra, certo? Tentem os beijinhos no
rosto, na mão, na ponta do nariz, um roçar de lábios... Não precisa começar
logo com um “de língua”, tá?
- Hummm... sinistro.
- Não exagera no batom. A Rê já me
contou: todo carinha detesta sair maquiado de uma sessão de beijos.
- Ocá...
Aí ela pegou um espelhinho na
mochila, passou batom e perguntou:
- Assim tá bom?
- Tá ótimo. No ponto.
Beijou o espelho.
- Ai, meus sais! Deixa pra treinar com
o Renatinho, Lu!
- Tá bom. Que mais?
- Não fique “geladeira” não, viu?
O carinha tá a fim de beijar é você e não uma boneca de pano.
- Ocá.
- Não fale demais. Pode cortar o
clima, sacou?
- Saquei...
- Confira se o seu hálito tá
legal. Mas sem encucar...
- Maneiro. Deixa comigo.
- Feche os olhos. Do jeitinho que
a gente vê no cinema. O resto, minha filha, é ir flutuando na tempestade.
Depois você me conta...
- E se não der certo, Lau?
- Ora, ninguém nasce sabendo mesmo. E
o beijo é o nosso primeiro contato pra valer com os carinhas, né? Eles também
não nascem sabendo. Vai ver, o Renatinho é mestre.
- E se eu quebrar a cara?
- Fazer o quê, Lu? Crescer não é
fácil, minha filha. E a vida não tem certificado de garantia. Pior é ficar
longe das grandes emoções que ela oferece, não acha? Se você beijar a lona com
o Rena, levanta e parte pra outra, pro segundoround, sacou?
Sem querer, embevecido com a aula, eu
disse:
- Saquei...
As duas meninas me olharam de
alto a baixo, soltaram risinhos e foram embora corredor afora.
Com toda certeza, pensando: “Esse
coroa aí deve ser analfabeto em Beijologia...”
¹ Esse texto deu origem a um dos capítulos do romance Balada do primeiro amor (Editora FTD, São Paulo).
Referências ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. São Paulo:
SEE: CENP, 2004.
Grupo : 2 MG ME
Ane Caroline de Souza Pereira
Arislane Gutierrez Gomes
Dánubia Fernandes Sobreira
Edina Aparecida Ferreira Pinheiro Machado
Eliane Cristina Gonçalves Ramo